segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O valor dos problemas na Matemática


A Matemática é a única ciência onde pouco valor se dá à erudição. O valor de um matemático é avaliado não pelo que ele sabe mas por sua capacidade de resolver problemas. E não é para menos: a Matemática vive de problemas. Infelizmente, a retórica da Resolução de Problemas virou um dos modismos do Sistema Escolar nos últimos anos.

O resultado é o de se esperar: os oportunistas de plantão e os ingênuos despreparados conseguiram deturpar de tal modo o assunto que hoje podemos encontrar as atividades mais ridículas rotuladas como resolução de problemas matemáticos. Assim, que é necessário ouvirmos quem tem o real direito de falar sobre o assunto: os matemáticos produtores, os cientistas e técnicos usuários de matemática.

Matemática: É um Bicho de Sete Cabeças?






O namoro entre os cálculos




Num certo livro de Matemática, um quociente apaixonou-se por uma incógnita. Ele, o quociente, produto de notável família de importantíssimos polinómios. Ela, uma simples incógnita, de mesquinha equação literal. Oh! Que tremenda desigualdade.





Mas como todos sabem, o amor não tem limites e vai do mais infinito ao menos infinito.
Apaixonado, o quociente olhou-a do vértice à base, sob todos os ângulos, agudos e obtusos. Era linda, uma figura ímpar e punha-se em evidência: olhar rombóide, boca trapezóide, seios esféricos num corpo cilíndrico de linhas senóidais.
- Quem és tu? - perguntou o quociente com olhar radical.
- Eu sou a raiz quadrada da soma do quadrado dos catetos, mas pode chamar-me Hipotenusa. -respondeu ela com expressão algébrica de quem ama.





Ele fez da sua vida uma paralela à dela, até que se encontraram no infinito e amaram-se ao quadrado da velocidade da luz, traçando ao sabor do momento e da paixão, rectas e curvas nos jardins da quarta dimensão. Ele amava-a e a recíproca era verdadeira. Adoravam-se nas mesmas razões e proporções no intervalo aberto da vida.
Três quadrantes depois, resolveram casar. Traçaram planos para o futuro e todos desejaram felicidade integral. Os padrinhos foram o vector e a bissectriz. Tudo estava nos eixos. O amor crescia em progressão geométrica. Quando ela estava nas suas coordenadas positivas, tiveram um par: o menino, que em honra ao padrinho, chamaram de Versor, e a menina, uma linda Abcissa. Ela sofreu duas operações.
Eram felizes até que, um dia, tudo se tornou uma constante. Foi aí que surgiu um outro. Sim, um outro.





O máximo divisor comum, um frequentador de círculos viciosos. O mínimo que o máximo ofereceu foi uma grandeza absoluta. Ela sentiu-se imprópria, mas amava o Máximo. Sabedor desta regra de três, o quociente chamou-a de fracção ordinária. Sentiu-se um denominador comum, resolveu aplicar a solução trivial: um ponto de descontinuidade na vida deles.
Quando os dois amantes estavam em colóquio amoroso, ele em termos menores e ela de combinação linear, chegou o quociente e num giro determinante, disparou o seu 45. Ela foi transformada numa simples dízima periódica e foi para o espaço imaginário e ele, foi parar num intervalo fechado, onde a luz solar se via através de pequenas malhas quadráticas.
(Autor Desconhecido)






Os Papas que gostavam de Matemática



Gerbert (945 – 1003), um geómetra famoso, foi arcebispo de Ravena e subiu à Catedral de São Pedro no ano 999. Considerado, pelos seus pares, como um dos mais sábios do seu tempo, chamou-se Papa Silvestre II e foi o primeiro a utilizar os algarismos arábicos, no Ocidente Latino.
O Papa Silvestre II, inventor do relógio de pêndulo, exerceu um curto reinado mas deixou marcas na Igreja e na Sociedade Europeia, graças aos seus ideais humanistas e ao seu respeito à ciência. Lutou contra o nepotismo e a corrupção no clero, mas nem sempre foi compreendido, tendo mesmo sido acusado por alguns de feiticeiro e de ter feito um pacto com o diabo.
Pedro Hispano – o Papa Português
João XXI (1210 – 1277), nascido Pedro Julião, mas mais conhecido por Pedro Hispano foi o único papa português. O referido papa, filho do médico Julião Rebelo e de Teresa Gil, nasceu em Lisboa, tendo iniciado os estudos na escola episcopal da catedral da mesma cidade. Para além de papa, Pedro Hispano foi também um notável médico, professor e matemático português do Século XIII.
Faleceu a 20 de Maio de 1277, após ter ficado gravemente ferido num desastre na Catedral de Viterbo, tendo ficado ai sepultado até aos dias de hoje. Em Março de 2000, por um especial empenho do Presidente da Câmara de Lisboa – João Soares – foi-lhe concedido um lugar mais honroso dentro da catedral, sendo então trasladado para a nave central.







A Matemática está em todo o lado







O Sol é uma esfera amarela. O cume da montanha é um cone ou uma pirâmide. As margens de um rio são paralelas. As flores são simétricas. A capacidade do mar mede-se por milhões de litros. As folhas de uma árvore contam-se às centenas. Os favos das colmeias são hexágonos. O relógio tem algarismos. As ovelhas de um rebanho contam-se realizando operações de Matemática.
Também o corpo humano tem Matemática. Temos litros de sangue. Uns pesam mais kg do que outros. Podemos medir a nossa altura em metros e centímetros. Os ossos dos nossos membros têm a forma cilíndrica.
O Homem utiliza Matemática em todas as circunstâncias. Para construir uma ponte, um engenheiro tem de utilizar complexos cálculos matemáticos. Um pedreiro necessita saber quantos tijolos compõem uma parede de uma casa. O médico mede a tensão arterial ao seu paciente. A empregada da caixa do supermercado faz cálculos constantemente. Os cientistas utilizam a Matemática com a frequência do ar que respiram.